segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Nos bastidores da Revi. Cena I

De Itapoá para Joinville, o trajeto do estudante e bolsista Pedro Ouchita, revela o amor orgânico pelo jornalismo 
 
Eram 3 horas da tarde de uma sexta-feira, 21 de outubro. Na sala da Revista Eletrônica do Curso de Comunicação Social do Bom Jesus/Ielusc (Revi), em Joinville, um rapaz magro de camiseta verde-confusa de manga curta e tênis All Star acaba de entrar. Era Pedro Ouchita, 19 anos, estudante do 4ª período de jornalismo, bolsista da Revi.

Pedro não é japonês, mas sua origem remete ao país: o Japão. Mora em Itapoá, mas é natural Umuarama, norte do Paraná. Para chegar até Joinville, onde estuda, fez uma viagem de duas horas de ônibus e dez minutos a pé, tempo suficiente para acender um cigarro. A partir daí, começa o ritual que prossegue até chegar à faculdade.

O laboratório da Revi tem uns 40 metros quadrados. Pedro divide o espaço com a coordenadora e professora Amanda Miranda e outros três bolsistas: Anna Carolina Santos, Átila Froehlich, Hassan Farias, que são estudantes do 4ª semestre do jornalismo, além do novato Mateus Pereira Silveira, do 2º semestre e a veterana Carolina Veiga, do 8º semestre de jornalismo.

Pedro entrou no laboratório, disparou numa voz suave e quase inaudível: “Boa tarde”, jogou a mochila no chão e se ajeitou em sua cadeira. Assim, todos os dias, o ritual se repete: sobe os 18 degraus do prédio e vai para a redação onde trabalha de segunda a sexta-feira, das 15h às 18 horas.

Antes de começar a faculdade de jornalismo, o estudante foi um rockstar frustrado, isso quer dizer: não aprendeu tocar bateria. Isso não o impediu de fazer faculdade e ter na futura profissão como jornalista o seu ganha-pão. “Viver para escrever é algo incrível. Escrever é como respirar”, conta.

O estudante, orgulhoso, lembra do dia em que foi chamado para entrar da Revi. Estava tão contente com o convite, que diante da pergunta “Você gostaria?”, só soube responder: “Adoraria”. Dias depois, era o novo bolsista da Revista.

De quando em quando, Pedro sai para fumar. Risca o fósforo, acende o cigarro, traga e solta a fumaça pálida no ar. Algo de que ele não se orgulhe. Hoje em dia, o cigarro é meio gosto, meio necessidade, ele diz, admitindo que já pensou em largar.

De uns tempos para cá, a produção de reportagens de Pedro aumentou. “Sempre é possível fazer algo melhor”, filosofa o estudante, ao lembrar do que aprendeu na disciplina de Redação Jornalística III, com professora Sabrina Passos, no semestre anterior. A rotina na vida dele seria menos intensa sem a paixão pelo jornalismo. “A única coisa que me imagino fazendo”, comenta.

Num caderno surrado, Pedro registrou a última matéria do dia. É fim do expediente, o estudante enfia o bloco na mochila, leva uma câmera na mão e vai embora. 

Por: Jonatar Evaristo, estudante do 4º período de Jornalismo 
jonatarevaristo@hotmail.com

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Passport para Santa Catarina






A joinvilense Cia. Rústico Teatral encenará a peça no Festival Catarinense de Teatro (Fecate)



                                         Concentração antes do espetáculo

                                         Ator Robson Benta como o jornalista


Vinicius da Cunha como soldado


Rodrigo Vargas é o oficial


Num cenário de fronteira vigiada, com direito a soldados, torres de vigília, telas e arame farpado, tem início a história –inspirada em fatos reais protagonizados pelo autor- de um jornalista que desce equivocadamente numa estação de trem desconhecida, num país estranho.


                                         O cenário é composto por elementos que remetem o público...

                                          ...  à situação de uma fronteira longínqua.

                                         O palco é frontal, com proposta intimista.

                                         Grades, torres de vigia... um clima constante de apreensão!


Quando o dramaturgo venezuelano Gustavo Ott descreveu os momentos de angústia que vivenciou numa longínqua fronteira entre a Polônia e a URSS, a intenção era provocar a reflexão sobre a forma de tratamento dispensados pelas autoridades aos cidadãos do mundo e da essencialidade da linguagem. A identificação com o estilo de Ionesco, Arrabal, Kaffka e Beckett, referências para a peça, também remetem a Machado de Assis em sua obra “O Alienista”.









No caso de “Passport”, a obra é, sem dúvidas, original. As referências de estilo servem somente como balizamento literário para a dramaturgia de Ott, um dos mais destacados autores latino-americanos dos anos 1980. A peça foi escrita dois meses após o episódio em que foi detido, inquirido e espancado por soldados numa fronteira desconhecida.





No palco os atores Robson Benta, Rodrigo Vargas e Vinicius da Cunha, sob a direção de Samuel Kuhn, transmitem ao público toda a sucessão tragicômica instaurada por um não-diálogo ocorrido entre um estrangeiro, que desceu numa estação de trem equivocadamente e os guardas daquela estação limítrofe.



Numa situação de metáfora estabelecida pela relação do poder do homem sobre o homem, em suas mais variadas formas, como a opressão , abuso de poder e intolerância, a peça segue, tensa. São momentos de agonia entrecortados pelo riso ou indignação que conduzem os espectadores pelos recônditos da alma humana de “Passport”. Imperdível!









Texto e fotos: James Klaus