sábado, 19 de novembro de 2011

Moconevi é homenageado pela Câmara

A luta dos negros pela conquista de um espaço digno e respeitável dentro da sociedade tem data oficial. Em 20 de novembro se comemora no Brasil o Dia da Consciência Negra. A escolha é uma referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, líder dos quilombolas resistentes contra a repressão da Corte Portuguesa.
A data simboliza a resistência à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro, em 1594, e determinação do povo afrodescendente em favor da igualdade racial. O maior objetivo dos movimentos negros pelo país é evitar o autopreconceito, ou seja, a inferiorização perante a sociedade.
A inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, discriminação da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra são assuntos debatidos neste dia, em palestras e eventos em todo o país.
A homenagem da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul foi direcionada ao Moconevi (Movimento de Consciência Negra do Vale do Itapocu), que comemora dez anos de fundação em 5 de agosto. Os idealizadores do movimento acreditavam que, desta maneira, seria possível difundir a história e diminuir ações preconceituosas.
O grupo criador do movimento negro teve como pontapé inicial o episódio ocorrido em Guaramirim. Na ocasião, a enfermeira do hospital do município negou atendimento a uma grávida negra em trabalho de parto. O crime chegou aos ouvidos de Sandra Maciel. A primeira coordenadora do Moconevi relembrou o início, repleto de dificuldades e vitórias.
Ao longo da década, Sandra relatou a necessidade do que ela chama de “emergir das cinzas”. “Parece que tudo em Jaraguá e região já estava muito bem estabelecido. E nós tínhamos que ressurgir com a nossa história, com a nossa cultura, com a nossa música, com os nossos costumes e buscar cada vez mais o respeito”. Sandra disse que sempre foi necessário lutar pelos direitos. “A questão no Brasil não é só social, porque de cada dez pobres, oito são negros. Então a questão é racial. Nós tínhamos que fazer esse enfrentamento e até hoje fizemos”.
De acordo com ela, a cultura hegemônica na qual o Brasil está inserido cria obstáculos muito maiores, pois é mais fácil falar para as crianças nas escolas da cultura já instituída e deixar de lado a questão da escravidão. Segundo Sandra, falar para as crianças do que é ser escravo causa sensibilidade e fortalece o conhecimento real da história do Brasil.
O propositor da homenagem, Francisco Alves exaltou o compromisso de todos que abraçaram a causa. “Somos parte dessa história. Uma história que começou há dez anos. História escrita por todos os brasileiros, todas as etnias, inclusive a negra, sendo tratada por mais de três séculos como mercadoria”. O primeiro vereador negro recordou a história, fazendo menção ao maior líder negro, o Zumbi dos Palmares, na luta pela liberdade.
A participação em diversos eventos voltados ao resgate da cultura afro em todos os sentidos e a grande participação na educação foram mencionados pelo vereador. Francisco disse ainda que o Moconevi veio com o objetivo de resgatar a cultura afro-brasileira, os costumes e, principalmente, dar visibilidade e conquistar respeito ao povo que, muitas vezes, continua esquecido. A participação em diversos eventos voltados ao resgate da cultura afro em todos os sentidos e a grande participação na educação foram mencionados pelo vereador.

Por Tiffani Louise dos Santos

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