sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Quatro estudantes de Jornalismo e uma paixão

Karoline Lopes, Marcela Güther, Michelle Braga e Thiago Seco apresentam: “Cinemática”

Por Pedro Ouchita

Enquanto você corre para acompanhar as frases das legendas antes que elas desapareçam, eles analisam os detalhes técnicos, a direção, o roteiro, a trilha sonora e tudo mais que você puder imaginar sobre o filme. “A ideia inicial do Cinemática está mudando aos poucos”, relata o idealizador do projeto, Thiago Seco. “O objetivo é criar um sarau de cinema, onde possamos discutir o assunto com profundidade.”
A história de Thiago começou 25 anos atrás. E o cinema faz parte dela desde quando? “Desde quando me entendo por gente”, responde com um sorriso Colgate. Com 15 anos, ele levantou da poltrona da sala de cinema, espiou por trás da telona e descobriu as engrenagens da sétima arte. Entrou para os ciclos de cinema e começou a ler sobre o tema. Passou a observar a fotografia e ver a obra cinematográfica com outro olhar. Do diretor a escolha do elenco, até o fim. Cada detalhe é precioso.
Thiago é fascinado por filmes de terror. Aos sete anos, o garoto sapeca assistia a clássicos como Amityville II: The Possession, de 1982. “Ainda lembro o nome do lugar onde eu locava as fitas cassetes. L&R vídeolocadora”, recorda o acadêmico. Thiago não tinha idade suficiente para alugar os filmes de seu gênero preferido, por isso, sempre ia acompanhado do irmão mais velho. Séries de horror como Amazing Stories, criada por Steven Spielberg, e Além da Imaginação também fizeram parte de sua infância.
“Os livros me influenciaram muito, principalmente dentro do cinema fantasioso”, compartilha o jovem. “Sempre fui uma criança muito bizarra.” Ele lia Edgar Allan Poe, Oscar Wilde e Stephen King. Tinha também uma máscara do Jason e uma camisa e luva do Freddy Krueger. “Enquanto meus amigos assistiam Peter Pan, eu mal podia esperar para ver A Hora do Pesadelo.”
Ele se descreve como “defensor voraz da dublagem”. Com 17 anos, Thiago fez um curso de Introdução a Dublagem, em São Paulo. E, em 2002, estudou até o nível intermediário de um curso de Cinema. “É tão difícil quanto atuar, pois é preciso interpretar o que já foi interpretado de uma forma que fique entendível pelo brasileiro”, explica o cinéfilo. Ele também gosta de assistir os longas-metragens em suas línguas originais. Mas, para o aluno, “certas dublagens viram pérolas”. “Quem não valoriza a dublagem, não valoriza o cinema brasileiro”, conclui.
Já a namorada dele, Michelle Braga, 21 anos, reserva as películas para as horas vagas. “Não sou aficionada por cinema como os outros membros do Cinemática”, admite. “Para mim, é distração e lazer. Para eles, é um estudo. Eles sabem os diretores, os ângulos, etc.” Ela gosta dos filmes épicos com contexto histórico, de animações, musicais e terror. Tudo depende de seu humor. De acordo com Michelle, o desenho tem que ser dublado. “Fora isso, não sou muito fã de dublagem.”
Karoline Lopes, 19 anos, gosta da dublagem quando ela é boa. “Chamar celebridades para dublar os filmes é inadmissível”, irrita-se. Porém, ao contrário de Michelle, ela prefere a animação legendada. Como com Thiago, para ela, os livros são uma grande influência. “Ganho livros desde que nasci”, ressalta a estudante. “Eles são um complemento da leitura.”
O gênero preferido dela é o suspense. “Mas, a comédia é o mais difícil. Pois o que faz uma pessoa rir não faz a outra”, aponta Karoline. “Ação, você coloca uma explosão e voilá. No suspense, os cortes de câmera rápidos e a música.” Ela adora o humor negro do cineasta nova-iorquino, Woody Allen. “Ele é autodestrutivo, faz piada de si”, diz a jovem. “Hoje em dia, a comédia é muito visual, gestual. O cara cai, faz uma careta.”
Marcela Güther entrou nessa por causa do “Google do cinema”, ou Karoline Lopes, como você conheceu antes. “Eu falei para ela a cena de um filme que eu não lembrava o título.” O “Google do cinema” não respondeu só o título do filme como também o nome do diretor e outras curiosidades. Então, Marcela e sua tutora começaram suas “sessões duplas”.
“Comecei a ver o cinema de outra forma: os furos do filme, o que poderia ter sido feito de outro jeito, a trilha sonora.” A garota narra a experiência, com a ajuda das mãos. Marcela gosta de dramas impactantes, daqueles que te fazem chorar. Ela gosta de ficção e filmes fantasiosos desde que não extrapolem. “Eles devem ter elementos da realidade”, explica a aluna. A trilha sonora também desperta o interesse de Marcela, ela procura o soundtrack de todos os filmes que assiste.
Os novos planos para o Cinemática são: trazer uma vez por mês, um convidado para discutir cinema. Aberto a toda comunidade e com exibição especial para os pequeninos. Em comemoração ao dia das crianças, exibiram um filme para 30 órfãos do Lar Abdon Batista. “Queremos continuar trabalhando com crianças”, adianta Thiago. “Germinar a semente do cinema nas crianças, perguntar ‘qual é seu personagem preferido? ’ e os ver perceberem que não é só assistir, mas observar muito bem.”
Por fim, um recado de Karoline: “Não baixe filmes. Vá ao cinema e sente naquela poltrona confortável”.
 

Um comentário:

  1. Quanto à qualidade dos textos do Pedrinho, nem vou comentar. Seria redundante.

    Ele sabe o quanto admiro e acompanho o progresso de sua escrita. O talento desabrochando, da forma mais natural e despretensiosa.

    Senti-me lisonjeado, em nome de todos os Cinemáticos, ao fazer parte deste emaranhado de perfis dos quatro membros.

    Pedrinho faz algo de suma importância no jornalismo: retrata a beleza da alma de cada um, sem deixar qualquer essência de lado.

    Cada conversa, cada detalhe foi captado. Transcrições que ditam a veracidade dos depoimentos, por mais que tenham sido editados a fim de criar unidade no texto.

    Parabéns.

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