sábado, 19 de novembro de 2011

Danças Urbanas - Um movimento cultural

Um dos gêneros mais populares do festival agora é chamado de danças urbanas

 

      Todos os anos, a rotina é a mesma. Ensaio após ensaio, bailarinos dão o melhor de si, em troca da incansável busca pela “perfeição” da coreografia. Desde 2009 reconhecido pelo Guiness Book como o maior evento de dança do mundo, o festival joinvilense está sempre atento às novidades nesse meio.

      Neste ano, importantes melhorias foram feitas. Um exemplo é a alteração do nome de um dos gêneros mais populares do evento: dança de rua agora se chama “danças urbanas”, justificando a identidade de uma cultura urbana forte e cada vez mais consolidada no Brasil. Segundo dançarinos, o nome dança de rua traz uma visão negativa sobre o gênero e a mudança do nome é para amenizar o preconceito sofrido pelas pessoas que trabalham com essa arte. “Só de ouvir o termo, as pessoas imaginavam que a dança se fazia na rua, e muitos até mesmo do meio da dança aceitaram isso como verdade”, relata André “Bidu”, coreógrafo do grupo D-Efeitos, ganhador do programa “Qual é o seu talento?” do SBT. E ainda complementa: “As danças não foram criadas nas ruas apenas, mas também nos clubes, encontros sociais informais, festas e noitadas”.

      As danças urbanas surgiram nos Estados Unidos, embaladas pela música funk/soul americana. Usando essas músicas, dançarinos improvisavam em cima de bases criadas, individualmente ou em conjunto, em clubes, praças, batalhas de dança etc. Outros dançarinos copiavam e passavam essas bases à frente. “As danças foram resultado de movimentos culturais musicais e, a cada criação de um novo estilo de música, uma nova dança surgia”, explica Franco André Pereira, conhecido no meio como Frank Ejara, coreógrafo da Cia. Discípulos do Ritmo.

      Todas as danças urbanas são improvisáveis, pois foram criadas com o intuito de cada dançarino colocar a sua movimentação nas bases. É a essência do “urbano”. Hoje, são usados ritmos como R&B, Disco Funk, Disco, Rap, G Funk, Eletro, House Music e Dancehall. Com essas músicas, surgiram os estilos Locking, Popping, Waacking, Boogaloo, Waving, Tutting, Strutting, B.Boying, House Dance, Hip Hop Freestyle, Krump e Dancehall.


Os estilos Waacking e Vogue - DIVULGAÇÃO


      O cenário do Hip Hop no Brasil, sofreu preconceito de pessoas que desconhecem a história cultural do ritmo. Quem é envolvido com a cultura era visto por muitos como marginal. “Ainda existe preconceito com todos os elementos e formas de manifestação, mas já houve uma melhora significativa”, afirma Filipi Moura Lima, professor de danças urbanas.

      A falta de reconhecimento no país é o contrário da realidade no exterior. Os dançarinos, grafiteiros e mc’s brasileiros têm um reconhecimento grande nos países estrangeiros. “O Brasil está engatinhando no segmento, mas com grupos muito bons como 'Tsuname all stars' e 'Discípulos do ritmo', que são muito bem vistos no exterior”, declara André “Rockmaster” Pires, professor, coreógrafo e precursor do House Dance e Waacking no Brasil. O dançarino brasileiro é reconhecido por ter “energia de sobra”. O potencial dos praticantes dessa dança melhora cada dia mais, por intermédio de ferramentas como workshops, competições de grupos, batalhas de dança, treinos em conjunto e até mesmo pelo site Youtube, no qual dançarinos do mundo todo postam seus vídeos a fim de compartilhar e divulgar a cultura. “Se unirmos isso a nossa criatividade, as chances de crescer são ainda maiores”, recomenda Filipi.


O Break Dance foi uma das origens das danças urbanas - DIVULGAÇÃO








Por Michelle Braga

Nenhum comentário:

Postar um comentário